terça-feira, 22 de março de 2016

Guerra dos Mundos

50 +3

Entre a invasão da China pelo Japão (1938) e a invasão da Polônia pela Alemanha (1939), marcos do início da 2ª Guerra Mundial, aconteceu nos Estados Unidos uma curiosa "Guerra dos Mundos". Em 30/10/38, véspera do Halloween, o jovem Orson Welles fez uma adaptação para o rádio da ficção científica de HG Wells, transmitida ao vivo pela CBS. Um programa musical, que era interrompido por reportagens, sobre uma "suposta" invasão de marcianos na cidade de Grover´s Mill, estado de Nova Jersey.
As primeiras notícias diziam que naves alienígenas foram vistas na cidade. Voltava para o programa musical. Depois, um entrevistado garantia que discos voadores não existiam. Tudo tranquilo. Voltava a música. Passado um tempo, vinham relatos de que o exército já tinha cercado a área e que estava tudo sob controle. Tudo Favorável. Som na caixa, de novo. E a coisa foi crescendo, até que raios laser saiam dos discos voadores e desintegravam os tanques do exército Norte-Americano... isso, para encurtar a história. A notícia foi se espalhando por outras emissoras, que não sabiam tratar-se de "uma ficção" e o resultado foi um panico generalizado na população. Mais de 1 milhão de pessoas, em seus carros. fugindo, para lugar nenhum, como baratas tontas, em estradas congestionadas, etc, etc... 


Engraçado, né? Seria... se você não estivesse lá, vivendo um pânico coletivo, desalmad@. Dois fatores foram fundamentais para esta histeria coletiva: a credibilidade da mídia (rádio) e o "fantasma da guerra" que já tornava o clima da época "pesado". Parece que é sempre assim, né?

Dai que hoje, ao acordar, vejo uma mensagem no facebook de  meu "quase irmão", ex-vizinho, melhor amigo desde que me entendo por gente, relatando que "estava bem", que não foi afetado pelo terror em Bruxelas. Oi? Que merda é essa? Em resumo, ele trabalha em um escritório ao lado da estação do metrô onde ocorreram as explosões e morreram mais de 30 pessoas. Ainda estava lá, por recomendações da segurança: "ninguém sai". Trocamos mensagens, ele ainda assustado, agradecendo a solidariedade dos amigos e, em uma destas postagens escreveu: "é, eu sei que as coisas ai no Brasil também estão complicadas, estou acompanhando". Sim, novamente o "fantasma da guerra".

Resolvo então, apelar para o transcendental. Consultei alguns sites de astrologia para ver como andavam os planetas (vai que algum alienígena tenha sido desalojado de seu território, em virtude de guerras e veio parar aqui, né?). Acho que ontem mesmo vi qualquer coisa sobre "lua fora de curso, em virgem", seja lá o que isso for. Então me dizem que hoje é véspera de lua cheia, quando ocorrerá um eclipse. O sentido disso (eles garantem) é que teremos "mais conflitos".  Sim. Mais ainda?

Não pretendo entrar aqui no mérito de quem quer derrubar o governo eleito, passando por cima das regras e da Constituição. Não que eu fuja deste debate, mas como minha esposa disse: "o ódio é tanto, estão tão ensandecidos e envenenados pela mídia que nem adianta mais argumentar". Então, deixo um link de um artigo que resume o que penso a respeito. (http://folhadiferenciada.blogspot.com.br/2016/03/a-economia-politica-de-lula-joao-sicsu.html ). 

Ontem tivemos uma repressão policial em uma faculdade em São Paulo, onde os manifestantes que defendiam o Governo foram brutalmente espancados e ameaçados pelas armas dos PMs (Igualzinho na Ditadura) enquanto que, "os manifestantes do outro lado" riam e tiravam selfies com os mesmos PMs. ( http://www.ocafezinho.com/2016/03/22/policia-de-alckmin-protagoniza-cenas-de-horror-na-puc-de-sao-paulo/ )

Daí que, voltando ao meu amigo e a Bruxelas, uma emissora de tv, destas que promovem o golpe e o ódio 24 horas por dia, resolve convidar um professor desta mesma faculdade para explicar o conflito lá fora. (Ver abaixo)
Eu não tenho bola de cristal para prever se teremos guerra ou quem será vitorioso. Tenho esperanças e vou me manifestar de vermelho dia 31, sim. "Saiba que ainda estão rolando os dados", dizia Cazuza, mas a sensação é que o clima está ruim e esta será a pior páscoa dos últimos 50 anos. Ao invés de simplesmente termos que aturar o tio do pavê das reuniões familiares, teremos que aguentar aqueles parentes reaças, que se dizem isentões, apolíticos,  que não disfarçam mais seu ódio doentio anti-PT,  apoiando os Cunhas da vida para acabar com a "corrupção neste país". Nem que tenham que levar o país para uma nova Ditadura, "sem pruridos de consciência", como já ensinava Jarbas Passarinho, quando do AI-5. 
Mas, não entremos no ódio, nem na paranóia. Esta é a praia deles. Apenas peço encarecidamente, que coloquem esta música  em seus almoços de páscoa em família, o "Blues da Piedade":


Será uma merda, sei. Mas, como me ensinaram ser educado, desejo então, boa páscoa a todos.

P.S.: A melhor páscoa que eu tive, eu devia ter uns 7 anos. Meu pai foi fazer um curso em SP, ficou fora de casa por uma semana e voltou com um ovo de chocolate gigante, como eu nunca tinha visto antes.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Adeus, Iemanjá. Que venha Oxalá.

50 + 02

Achei curioso quando soube que 2015 seria, segundo o candomblé, um ano regido por Iemanjá. O destino, como as ondas do mar, nos levaria e traria coisas.

E foi assim mesmo. Entre os mais próximos, 2015 levou um grande amigo, minha cunhada, o filho pequeno de um amigo e uma tia de minha esposa. Mas, eis que no mesmo mês em que me cunhada se foi, fiz esta foto de minha sobrinha, junto às águas, esperando seu bebê.

E então, o bebê Bernardo nasceu. Alegria renovada. O tio fez o mapa astral dele: Leonino, com ascendente em Touro e lua em Libra. Vai ser conquistador o garoto. Com ajuda de minha esposa, ele já se diverte em seus primeiros vôos.

Para fechar o ano, eis que descubro, que ele também já tem suas preferências aos 4 meses de idade: o colo deste tio, por exemplo.
Que venha 2016, que dizem, será um ano de Oxalá, onde as pessoas buscarão mais a criatividade, a espiritualização e a harmonia. Que assim seja!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

E a vida contínua

50 + 01

"Quem não se move não sente as correntes" A citação de Rosa de Luxemburgo está na dedicatória que recebi da amiga Cynara Menezes no lançamento de seu recente livro "Zen Socialismo".
Estou terminando de ler o livro. A linguagem é coloquial, pois é uma coletânea dos posts de seu blog. Mas, para mim, foi engraçado ler os relatos da amiga, parecia que eu ouvia a voz dela me contando as histórias. Em alguns momentos, imaginava até ouvir seus risos.

Será que isso acontece sempre que se conhece o autor do que a gente lê? Pensando nisso, resolvi revisitar este blog, que para mim, tinha cumprido seu objetivo. O prometido era 50 textos, comemorando meus 50tinha. Mas, a vida continuou, apesar do blog ter estacionado no início do ano passado. 

A gente se move, sente as correntes. Fluxo da vida. Como costumo dizer: envelhecer é ainda melhor do que "a outra opção".

Neste sentido, 2015 foi um ano difícil. Logo em janeiro, perdi um grande amigo, que acabava de completar 49 anos. No dia de seu aniversário lhe mandei uma mensagem pelo celular o cumprimentando por também chegar aos "50tinha". Ao que ele me respondeu: "Calma, Camarada. É 49 ainda". Em maio foi a vez de me despedir de minha cunhada, que após lutar bravamente, porém serena e alegre, contra um câncer de estômago, nos deixou aos 41 anos.

A volta pra casa depois de deixar um ente querido no cemitério não é fácil. "Viver é muito perigoso", dizia Rosa, não a de Luxemburgo, mas sim o Guimarães, de Cordisburgo, MG.

Nestes 2 casos, minha esposa que percebeu a solidariedade que recebi de meus 2 cachorros. Eles sempre ficam agitados, latindo e pulando, ao me verem chegar, pois significa que irei levá-los para passear na rua. Mas, nestes 2 momentos, eles foram capazes de entender e respeitar meu luto, ficando quietos e tristonhos também. Acho que os cachorros entendem este lance de amizade, né? 


sábado, 25 de janeiro de 2014

Ainda chego lá, meu Vô


50- SENTA E ESPERA 

"Um dia terei netos e eles terão uma imagem de mim 
velhinho, como a que guardo de meu avô"

Este será o "banco do vovô, mas fui eu quem fiz.
Os encaixes foram feitos assim, com serra elétrica e formão.
Quando me propus iniciar este blog, a ideia era registrar algumas lembranças e comemorar meus 50 anos. Daí, que seriam 50 posts. Pois bem, chego ao último deles. Uma amiga perguntou se eu tinha algo especial em mente para o "derradeiro" post. E eu não tinha. Pensei em aguardar uma boa notícia para o "grande final", mas ela não veio.

Neste meio tempo, resolvi fazer um banco para colocar no gramado, debaixo da sombra dos maracujás. Postei no FB que meu avô era carpinteiro e que, de vez em quando, eu me lembrava disto e resolvia eu mesmo fazer alguns objetos ou móveis de madeira. Vários amigos curtiram.

Como tinha pensado em escrever um post sobre o "seo" Antônio, meu avô e até pedi uma foto dele a uma prima (que não me enviou até hoje), resolvi dedicar a ele este meu último post. Quem me conhece, não terá grandes dificuldades de imaginar como ele era fisicamente. Minha Ex o viu ainda vivo e disse: "já sei como você  vai ficar quando velhinho". Ele era praticamente da minha altura, magro, rosto fino e cabelos bem branquinhos. Ok, é quase a minha descrição, né?

Participou de "comitivas de gado", levando boiadas de Barretos até Uberaba. Dançava catira. Teve uma olaria e também um alambique. Fez um forno de barro na casa da vó, onde deliciosos assados garantiam nossos natais e anos-novos em família. E era carpinteiro, dos bons. Trabalhou até os 75 anos, quando os filhos resolveram que era melhor ele parar e ficar em casa. A partir daí, ele foi decaindo, adoecendo, começando a  esclerosar,  até que faleceu, com mais de 85 anos.

Um dia percebi: meu avô era 27 anos mais velho que meu pai. Que por sua vez era também 27 anos mais velho do que eu. Bingo. E não é que eu também fui pai aos 27 anos? Por coincidência (não entro no mérito da questão se elas existem ou não) hoje meu filho faz aniversário. Está completando 23 anos. Péra...23+ 27= 50. Então, tai o motivo para fechar este ciclo do blog: 50tinha. Com a ajuda do filho. E do avô.
Abraços a todos.

P.S.: Com 85 anos e completamente esclerosado, meu avô saiu correndo peladão atrás da mocinha que minha avó arrumou para ajudar ela com o serviço da casa. Ainda chego lá, se der tudo certo...

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

2014: Sombras ou Revolução?

49- MAIS PREVISÍVEL QUE CAVALINHO DE CARROSSEL

Este post é influenciado pelo I Ching e também pelo convívio nas Redes Sociais. (Mas, isso não quer dizer que elas existam há milênios).

Muitas vezes, principalmente, no facebook, vejo pessoas que admiro e considero como amigas, fazendo afirmações que me surpreendem, negativamente. Algumas, imagino, por equívoco ou desinformação. Outras, o que me parece mais grave, passando adiante calúnias ou preconceitos que não resistem a uma simples busca no google. Ontem mesmo minha esposa comentou um caso assim. Um amigo, jornalista, postava indignado com o "tratamento desumano dado às grávidas que esperavam para dar à luz no Hospital de Base de Brasília". Claro que a culpa era do Governador, do PT. Uma simples busca no google mostrava que a foto referia-se a um outro hospital, bem distante. (De Rondônia, para ser mais exato). Refletindo um pouco mais, lembramos que o Hospital de Base do DF é especializado em primeiros socorros e acidentados, nem deve fazer partos lá.

Parece com a situação descrita no hexagrama 36 "Obscurecimento da Luz", onde o I Ching recomenda: "Em épocas de obscurecimento da luz é essencial ser cuidadoso e discreto. Não se deve atrair grandes inimizades desnecessariamente em virtude de uma conduta impensada. Nessas épocas o homem não deve se deixar conduzir pelos hábitos da maioria nem deve trazê-los à luz criticamente".

Quando me posiciono ou critico, não é "impensado", ou só para ser o "chato de plantão". Sou da área de comunicação e entendo que devemos sim combater a manipulação das informações, que, geralmente, atendem aos interesses  dos poderosos, dos conservadores, dos que não querem que o país se torne mais democrático e menos injusto.

Acredito mais  no hexagrama 49 chamado "Revolução". Que diz em seu comentário "Em seu dia próprio, você verá que lhe darão crédito. Supremo sucesso, propiciado pela perseverança. O arrependimento desaparece". Felizmente, em nosso país, a revolução vem sendo feita. Sem maiores carnificinas, nas urnas, democraticamente. Então, que chegue logo outubro. 2014 promete fortes emoções.

P.S.: Pensando bem, se os amigos realmente agirem de "má-fé" e ficarem xatiados, o problema não será meu, né?



sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Micão? Quem nunca?

48- DESTE, EU ESCAPEI

"Mais uma foto muito boa do Memorial da América Latina pegando fogo". Com este texto postado nas redes sociais, uma emissora de TV deu mostras que na busca da audiência (literalmente, "no calor" dos fatos) fica fácil pagar mico. Tomou uma trollada da Dilma Bolada que acrescentou ao tweet apenas: "Achei muito péssimo". Dai teve a tréplica indignada do dono da emissora, talvez entendendo que a crítica veio diretamente da Presidente. Ok, neste caso, o mico já virou um baita King Kong.
Eu também quase fui vítima de uma "armação" destas. Há uns 10 anos, era professor de faculdade e um de meus alunos trabalhava na produção de programas da tal emissora do Bispo. Um dia ele me fez um convite: queria que eu atuasse como ator em uma "dramatização". Não entendi e, por precaução, quis saber exatamente do que se tratava. Ele explicou. São estes programas religiosos que passam na TV. Nós precisamos de alguém como o Sr, um homem sério, de meia idade, casado, pai de família...para a tal "dramatização".
Em resumo, o enredo era bem simples. Até demais. Eu seria o tal pai de família, homem de bem, que por culpa de uma vizinha bonita, jovem e gostosa, cai em tentação carnal. A minha vida vai pro buraco (hehehehe), meu casamento acaba vou a falência, etc...me arrependo, aceito Jesus, entro para a Igreja, recupero meus bens materiais, fico feliz e dou meu santificado depoimento para algum pastor aumentar seu rebanho de fiéis (que lógico, acreditarão que aquela "dramatização" era verídica, e eu, um idiota).
Educadamente, expliquei que não sou ator. Já dirigi comerciais de tv, fico mais à vontade atrás das câmeras e não na frente delas. Ao que ele deu o argumento final: "Mas eles pagam bem, e à vista". Claro, e quem iria pagar o King Kong era eu, né? Fico só imaginando o bullying que sofreria em todos os lugares que eu estivesse: -"Olha lá o otário que dançou por causa da vizinha periguete". Sim. Certas coisas, não tem preço. Grandes micos, por exemplo. Deus nos livre. Não, péra...

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O TIJUCA

47- O HERÓI CAIPIRA

São infundados os boatos de que a Lagoa Rodrigo de Freitas seria de meu avô ou bisavô. Também não faço referência aqui a nenhum bairro carioca.
A origem da maior parte de minha família é das proximidades do Rio Grande, divisa de São Paulo e Minas Gerais. Tenho parentes dos dois lados deste rio. Só uma prima que recentemente mudou-se para o Rio, ok? Favor não confundir.
Mas, tinha um tio de meu pai que era muito especial, o Tio Juca. Ele morava um pouco mais longe, já em Goiás. Acho que ele foi a pessoa mais engraçada que  conheci. Caipirão, chapéu de palha e o cigarrinho idem sempre por perto. Pescador, caçador, ou seja, um grande contador de causos (mentiroso, se preferirem).
A melhor história dele foi quando numa caçada ou pescaria,  foi surpreendido por uma onça. Ele contava em detalhes e o povo em volta se empolgava. Com o interesse dos ouvintes, ele ia espichando a prosa. A situação, em resumo era esta: o único jeito de escapar da onça era passar por uma pinguela sobre um enorme penhasco. A onça ficou na espreita. Ele olhava para baixo e quase não via o chão. Olhava para trás e lá estava a onça. Mas, quando ele estava quase chegando do outro lado, eis que tem outra onça o aguardando. A galera vai ao delírio. "E ai, Tio Juca? O que aconteceu?". Ele para, pensa, coça a cabeça, percebe que foi longe demais na mentira e entrega os pontos: "-Ah, ai a onça me comeu". E antes que alguém protestasse, ele caia na gargalhada. E lá vinha outra história...rs. Aprendi isso com ele.